sábado, 25 de janeiro de 2014

Notícia de última hora.


Que poesia curta
muda
surda
shiu... escuta.
que poesia triste
do silêncio pedia...não grite,
desejo que fique
que poesia difícil
cheia de artifícios
estudava a existência
tecia o sumiço.
Escritora morta
enquanto chutavam a porta,
sirene cambaleia
telhado se encendei-a.
que poesia triste
escute...não grite
o clarão da janela
se fecha sobre ela
silêncio
sirene
o fogo dentro da casa
a dor vem
mas passa.
Incêndio noticiado
criminoso? culpado?
quem liga? era fogo de barraco
desses com buracos
que ninguém liga, nem mesmo quitado.
Mas desgraça de pobre ta sempre
em noticiário
quando ele é bandido
serve de aviso
já que branco não anda armado.
que poesia triste.
talvez complicada
mas olha já é outro dia
o que houve ontem?
não lembro! 
noticia passada.
nova desgraça
sorria com gosto
agora vem a propaganda
na casa destroços, apenas um corpo
maquia a alma
esquece do rosto.
Mundo televisivo 
população mundial
tudo vem abaixo
e você...
"qual era mesmo o canal" ?

- Mayara Ferreira

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Uma, ela. Prostituta.




O que queria
nunca devia,
o que sou
talvez nunca sobrou.
Vidas são gastas
a minha foi uma delas,
serei sempre aquela que afasta
fui crescida nas favelas.
"Prostituta, com orgulho".
por que foi o que restou
os toques foram necessários
e ninguém se importou.
Não é fácil,
queria dizer "era"
quem me dera
nesse planeta ou esfera
que fosse eu aquela donzela.
Não fui, não sou.
Nem consigo distinguir
o que sobrou.
Minhas palavras não são frias,
o coração ainda dói
ao som das palavras "puta"ou "vadia".
É que machuca
e eu já sou machucada todos os dias
para ouvir que sou eu
essa tal mulher da vida.
Que vida?
é fácil abrir as pernas?
um estranho te tocar
ter que ouvi-los sussurrar
as nojeiras que infelizmente
eu tenho que suportar.
Não tenho casa, nem família
Aguento e aguentei
pra ouvir que sou vadia.
quis chorar mas me calei
As dores de criança já perdi 
as de adulto consolei.
Vadia, vadia, vadia!
É o que você é!
Não sou!!
não é pra isso que carrego tanta dor.
No meu lugar ninguém se coloca
mas são os primeiros a me virarem as costas.
Tá pensando que é fácil?
é fácil?
ser feita de capacho
é fácil? 
Vadia eu não sou!
e digo com muita dor,
Sou prostituta
Essa prostituta sofrida
usar palavra que me faz de nada
já aviso que não precisa.
Pois acredite, meu filho
que já desejei tanto a morte
para hoje carregar esse titulo
eu,
distorcida 
confundida
sempre contida
e mal entendida
termino hoje com um titulo ... mulher da vida.
outra pessoa sem sorte.

- Mayara Ferreira.




terça-feira, 5 de novembro de 2013

Mochileiro.



Ai se eu pudesse escrever
ai se me fizesse entender,
diria pro caderno
de peito aberto
o quanto sou sincero.
Ai se pudesse escrever,
diria que não quero
não vivo
nem espero.
Ai se eu simplesmente pudesse,
mas não posso
não posso
não sobraram sentimentos
só me restaram destroços.
Ai se pudesse dizer,
dizer que tenho medo
dizer que devaneios
não me servem de consolo
Ai se pudesse,
não posso!
lápis de coração fechado
caderno vazio e ao mesmo tempo riscado.
Queria dizer
Mas não posso
não posso
Nasci com esse coração quebrado
desses que não falam.
São apenas mochileiros
carregadores de remorsos.

- Mayara Ferreira

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Bruxas.


Diferenças
de crenças
suspensas
pela defesa
com sentença.
Que ataca com tanta destreza
que proteger é só metáfora
tanto do estado 
quanto da nobreza.
Bruxarias evidenciadas 
meu crucifixo 
se tornou sua ameaça.
Os filhos deixados 
foram marcados por diabos.
verão a mãe queimar 
em nome do que perdoa de todos os pecados.  
Ervas e todas as plantas 
ameaçam a casa santa.
A casa que você reza
em outras horas
assume que despreza.
Queimar, perfurar, afogar
Em nome do que deveria
me ajudar.
Queimei sem dizer nada.
Não queria gritar
meus filhos ainda estavam 
assistindo o mundo deles desabar.
Que egoísta seria eu 
se simplesmente gritasse
e ignorasse que era ordem de Deus.
Diferenças
de crenças
suspensas.
Todos servos do Senhor
Todos julgando 
matando e queimando
em nome do puro e simples Amor.
Jesus, esta ai? 
Então escute que foi seu papa
que me colocou em uma fogueira
para que meus 3 filhos pudessem assistir.
Pode me ouvir?
Então me ajude a fugir
antes que eu esqueça
que amar
realmente não significa ferir.

- Mayara Ferreira

Era meu filho.


Minha casa era perfeita
até que resolvi abrir a porta de fora
agora é apenas uma casa
que todos passam
mas ninguém olha,
Com o chinelo entre os dedos
resolvi arriscar 
sem medo.
Assisti teus passos pisados
se perder entre seus
discursos ditados
perdidos e sempre errados
Era bom quando era pobre
mas poder se perde 
nas mãos de quem é jovem.
Declara a lei para quem tinha fome
mas sempre se perde
e por fim some.
Quer ser representado em partido? 
como se para eles houvesse um motivo
Das favelas para o senado 
tua mansão já foi meu barraco
Meu filho, se formou 
não é engenheiro muito menos doutor
meu filho é a criança 
que você acusa
do sangue que mancha
do teu filho aquela blusa
Era meu filho
era, quem é agora? 
um sujeito que vive sorrindo.
Não reconheço 
E só peço perdão 
por que a criança que rouba hoje
foi a de ontem que roubava pão.
Peço perdão
peço desculpa 
mas não sou mais eu que vou dá jeito.
Se tá infeliz, 
por favor, levanta e muda.

- Mayara Ferreira



Simplesmente não podia.

Eu preciso esquecer de dizer
preciso querer parar de ver,
é que eu não amo
não amo nem os lados do quarto
muito menos os cantos.
Já fingi que conseguia
só para dar e receber
o que queria.
Do lado esquerdo 
eu olho e ergo o queixo.
É que eu preciso dizer de um jeito,
mas existem palavras, meu bem
que se encobrem de todos 
os falsos e esquisitos desejos.
Chore a dor de ter
Chore as magoas do seu antigo passado
Ressuscitado 
na intenção de dessa vez 
ser deixado de lado.
Não te amo, meu bem.
É que eu simplesmente não amo.
Não amo nem os lados do quarto
muito menos os cantos.
Eu precisava dizer
Mas tudo que eu precisei
simplesmente não podia.
Você bem sabe 
que as vezes eu amo. 
Não digo
apenas enxergo
respondo
Mas nunca serei aquele que anseia
por desencantos.

- Mayara Ferreira

sábado, 21 de setembro de 2013

Sinceramente.

Sinceramente não me importo
sinceramente me comporto.
Muro enfaixado 
me joga de lado 
sorria dos outros
amantes dos porcos.
Sinceramente odeio
sinceramente não anseio,
A rotina caseira
que prende em esteiras
entristesse toda a tarde
desiste dos desastres.
Sinceramente não me importo
Sinceramente me comporto
sinceramente odeio me ligar
naquilo que juro
sinceramente não me importar.

- Mayara Ferreira