terça-feira, 10 de setembro de 2013

A Carta



Olá, estou de passagem e o que vou dizer é bem rápido e admito que pensei muito antes de vir aqui e te escrever. Mas sinto que preciso dizer e do fundo do meu coração, espero que esta carta lhe seja muito útil algum dia.

Eu sou uma velha senhora, uma jovem moça, uma inocente criança e um esperto menino. Sou muitas coisas, sou a que fica no fim da estrada e a que fica do seu lado, isso depende muito de como cada pessoa me vê. Complicado, né?
Mas vou te explicar, basta ter paciência, sei que muitos de vocês não possuem.
Bom, eu moro em um lugar muito agradável, aqui não existem roubos, as coisas são livres, os pássaros conseguem voar e gaiolas aqui nunca foram inventadas. Ninguém precisa roubar tudo é distribuído igualmente, ninguém passa fome e nenhuma vida habita esgotos.
 Onde eu moro?
Tenho certeza que é o que você está se perguntando, meu caro leitor.
Eu moro na cabeça de muita gente, moro na cabeça das senhoras que distribuem seus alimentos aos moradores de rua, moro na cabeça dos que salvam nossos animais, moro na cabeça de quem não se deixa viver preso.
Preso...
Essa palavra ainda me assusta, é a única no mundo que pode contra mim. E sabem por que ela me assusta tanto?
Por que assim como eu, ela também vive na cabeça de muita gente.
As pessoas diariamente estão presas, algumas com grades, outras apenas em suas casas. Mas no fim das contas isso está apenas na cabeça delas.
Como assim? Foi o que você pensou?
Bom, eu lhe explico...
O que torna um detento diferente de uma pessoa "livre", não são as grades. É a cabeça!
As pessoas empoem a vocês todos os dias tantas coisas, que com o tempo as palavras tomam rumos diferentes, elas se tornam cordas, se tornam grades, se tornam tudo que possa te limitar.
As cadeias e nossas penitenciarias são apenas essas formas visíveis e garanto a você, meu pequeno, que essas, são as prisões menos perigosas.
Por quê?
Por que nossos amigos que estão lá, sabem que um dia irão se livrar, mas as pessoas "livres" aqui de fora, não possuem essa consciência, muitas nem ao menos sabem que estão presas e por tanto, não anseiam nunca por... Liberdade.
Mas é possível se livrar? Sim, é e não é tão difícil como alguns pensam.
Basta querer.
É simples não disse?
A vontade que você tem, ela é muito forte. Mas as coisas que constroem nossas "barras de ferro imaginárias" estarão sempre tentando convencer você do contrário, por isso é tão difícil enxergar.
Se estiver insatisfeito com algo que está fazendo. Pare.
Se está caro. Não compre, substitua.
Se está infeliz. Mude, queira mudar.
Minha criança, você será sempre a única pessoa que pode colocar abaixo suas barreiras. Então lute para que elas caiam.
Mas que falta de educação a minha, nem me apresentei. Perdão.
Eu, eu sou a que ninguém vê.
Eu sou a que você apenas sente, a que você deseja
talvez a solução de alguns pesadelos, quem sabe.
Eu, querido.
Eu sou sua, eu sou dela, sou dele, eu sou de todos.
Eu sou ela, sou a Liberdade.
Sou a sua Liberdade.
Eu existo, criança.
Existo e estou por perto, mesmo que você me enxergue longe. Eu estou aqui, estou do seu lado, sempre estive, então, por favor... Se vire!



- Mayara Ferreira

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