segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Sônia Maria.


Eu sou Sônia Maria
Gosto de flores  
e ouço música todos os dias
Fui pra faculdade como meus pais queriam
e fui expulsa muito antes do que previam.
Nunca tive paciência pra isso
Minha vida é defender meu povo na rua
e no grito.
Por três meses estive presa
Por que manifestações em ditadura
é coisa de Terrorista 
que desarma sem defesa.
Isso não é para medrosos
Mas confesso que tive medo
Muito medo.
Achei que me matariam 
e que minha memória se bastaria no 
sangue sujo no branco azulejo.
Fui processada, mas fui liberada.
e isso é respirar 
sem ter uma arma mirada 
no meio da cara.
fugi pra França e fui muito feliz por la
as músicas que me traziam alegria
voltei a ouvi-las todos os dias.
Mas circunstâncias de difícil articulação
me trouxeram de volta 
Ao meu País, a minha Nação.
Aqui por um tempo fiquei.
Depois pro Chile viajei
e clandestinamente pro Brasil retornei.
Vivo com meu amado Lana.
Estou feliz, viver perigosamente.
é emocionante quando se esta ao lado de quem ama.
Mas algo está errado
Me sinto observada o tempo todo.
como se em mim, todos estivessem de olho.
Sou da ALN
eles me matariam na melhor das hipóteses se soubessem.
Tenho medo.
Os soldados... Respira querida, você está segura.
Chegaram!
Chegaram armados
todos amontoados 
Nosso futuro ficou previsível 
em um grito rasgado.
Era uma sala fechada, escura e fria a que fiquei
e percebi que o cheiro das flores
esses nunca mais sentirei.
Os socos na cara
Os chutes nas costas 
Torturada todos os dias
O ferro esquentado 
queimava minha pele fria.
Se pudesse escolher algo
escolheria ouvir uma única música
mas isso , isso nunca mais aconteceria.
48 horas.
Eles não paravam
a risada ecoava 
e por Deus,
por que não simplesmente me matavam?
Não vou abaixar a cabeça!
Meu coração eles não podem tocar
Minhas ideias estão sempre acima.
Me mantive forte e com esse pensamento
em quanto os senhores da justiça 
introduziram um cassetete em minha vagina.
Me Mantive forte enquanto os Senhores da justiça 
Condecorados de um jeito
que permitiu que eles com sorrisos
cortassem fora meus peitos
Sem anestesia 
Meus gritos de agonia 
Agora o sorriso eles continham 
É desumano 
Alguns enxergaram
A dor já não sentia
e minhas lágrimas já secaram.
e foi então que acabou.
O som do tiro ecoou.
Meus ideais nunca morreram.
Eles são aprova de torturas
Minha vida terminou
Mas que fique claro nos livros de história.
Que eles tentaram
Mas essa Ditadura
ela nunca me silenciou.

- Mayara Ferreira







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